Minha campanha pra Senador (Parte VII)

Ilustração de Isaac Ribeiro com foto de Giovanni Sérgio para a campanha de Floriano Bezerra de Araújo
Minha campanha pra Senador (Parte VII)

Prelúdio de Renan Ribeiro de Araújo

Foi associando ideologia de radical transformação social com estudo teórico-científico para atingir tal objetivo, que o ex-deputado, líder operário-camponês Floriano Bezerra de Araújo aceitou e cumpriu com denodo a incumbência partidária de campanha majoritária petista nas eleições de 1994. Foi assim que o PT conquistou corações e mentes para eleger o 1º operário e a 1ª mulher presidentes do Brasil. Nesta primeira segunda-feira de 2016, em seu Caderno de Memórias, Floriano dá seu vibrante testemunho de suas peregrinações com Fernando Mineiro pelas circunscrições eleitorais do RN. Vejam:

MINHA CAMPANHA PRA SENADOR
(Parte VII)

– Relembro que entramos na cidade de Lajes, à noite, e a militância petista local, numa casa de fazenda, nos acolheu com alimentação e dormitório. Não faltou nada. Após o jantar, fomos todos a um comício organizado numa comunidade bem próxima. No palanque, saudamos o povo, apresentamos nossas propostas para Governador e Senado da República. Seguindo-se a fala da liderança local, uma moça branca, elegante, forte, oradora de correnteza na palavra que agradecia a população o voto democrático que se esperava, merecendo aceitação pelas últimas palavras proferidas. Voltamos todos à casa grande, quando chegamos havia umas 60 pessoas reunidas, às quais, em palavras curtas, apresentamos nossas intenções de representação política. Ficamos gratos pela manifestação popular rumo às urnas eleitorais. Findo isso, um lanche nos foi servido e fomos dormir nos aposentos indicados.

– Manhã seguinte, 7 horas, um farto café nos foi propiciado. Reforçados, agradecemos ao pessoal da casa as gentilezas recebidas; quando ouvi, em sussurro, a moça de tantos dotes dizer para uma irmã ou colega, que Fernando Mineiro tinha olho de mapinguari. Enquanto isso, continuei no meu mutismo ético de convivência nos braços da paz. Na vida é assim: uns queridos, outros esquecidos, não odiados, sem razão de ser. Alturas em que pegamos nossos pertences, botamos no carro da campanha, e saímos na rota de Natal, cuja viagem foi boa e muito alegre.

– Nossa busca pelo voto foi retomada pelas 18 horas, quando pegamos o trem na Ribeira para Ceará-Mirim e na chegada, já noite, descemos na plataforma debaixo de chuva torrencial. Um carro de som nos aguardava e, ali mesmo, Fernando Mineiro falou ao povo presente, uns iam saindo, outros chegando, e o microfone, molhado, começou a falhar; Mineiro deixou a tribuna, que era a calçada da estação, em que falei, na “marra”, sem microfone, no gogó, algumas palavras de fé e otimismo na nossa luta, apresentando propostas.

– Saímos para o carro da campanha que lá estava, e tomamos a rota de Natal; antes da BR 406, o vereador Olegário Passos, que estava com a gente, pediu para ficar na casa de uma mulher, saiu rápido do carro, enfrentando a chuva ainda intensa. Prosseguimos nosso roteiro para Natal em sentimento de êxito.

– Recordo que na época o PT de Parnamirim dispunha de companheiros de bons conhecimentos e alguns com discurso bem articulado. Foi com essa companheirada que fomos fazer o nosso trabalho de candidatos. Lembro que cedo da noite estávamos no palanque (chão da rua) organizado pelo pessoal local. De microfone na mão, Fernando Mineiro saudou o povo ouvinte, focando seus objetivos fundamentais de gestão planejada caso fosse eleito governador. Então falei aos circunstantes dentro da temática do que seja o papel de um parlamentar eleito pela população de um Estado para representação senatorial. Falaram na hora dois militantes, com seus jeitos de combate cidadão. Daí saímos fazendo comícios relâmpagos em algumas ruas, tanto Fernando Mineiro quanto eu, postulando a confiança popular. Eu sempre tive presente, em mim mesmo, a convicção de ser uma voz e pulmão da nação brasileira no Senado e Congresso Nacional.

(Ilustração de Isaac Ribeiro com foto de Giovanni Sérgio para a campanha de Floriano Bezerra de Araújo)

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